Não é de hoje que a economia amapaense vem dando sinais de que está mal das pernas. Esse diagnóstico preocupa ainda mais quando dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram uma diminuição econômica em um momento completamente atípico da realidade nacional.
Segundo dados do IBGE, o setor de comércio e serviços cresceu no primeiro trimestre no Brasil 6,9%. Em todos os Estados do Norte também houve um crescimento, com exceção do Amapá onde esse aumento foi pífio. O Tocantins cresceu 33,4%, Roraima 18,2%, Rondônia 14,4%, Acre 14,2% enquanto que o Amapá no trimestre cresceu apenas 1%. Se for descontada a inflação, esse percentual fica negativado.
DIMINUINDO – O mais preocupante é que no mês de março, momento em que o comércio amapaense deveria sair da letargia do início do ano, os dados apresentaram o pior desempenho do trimestre nacional e também da região.
Os números do IBGE apontam que em vez de crescer, o comércio do Amapá diminuiu 4,2%. “Enquanto isso, outros Estados parecidos com o nosso tiveram crescimentos. Por exemplo, o Acre cresceu 7,1%; Roraima 14,6%; Tocantins 16,5%. Isso significa dizer que o país está crescendo, a região está crescendo e o Amapá que deveria estar dando esses saltos está diminuindo. “Estamos vendo com muita preocupação o fato do Amapá ter um crescimento negativo. Em primeiro lugar porque se trata do comércio que responde por 87% da economia. Em segundo porque isso aconteceu de em uma época do ano atípica. Os outros Estados da região que têm a economia igual a do Amapá tiveram crescimento”, disse o economista Jurandil Juarez.
Segundo ele, o fato da economia amapaense depender muito do setor comércio e serviços faz com que tenha um abalo bem maior por conta de qualquer variação que sofra. “O que acontece no comércio daqui representa um abalo muito maior do que em outros Estados. Por exemplo, se o comércio paulista tiver um abalo, eles vão sentir um pouco menos porque a economia é muito grande e a participação do comércio e serviços é pequena. Agora, aqui é o contrário. Se compararmos com Rodonia, Roraima e Acre que tem economias parecidas com a nossa, observamos que o Amapá está ficando muito para trás”, explicou.
ESTÍMULO – Para Jurandil, uma das saídas seria estimular o setor de comércios e serviços. “O governo demitiu sete mil servidores do contrato administrativo. Isso foi uma receita que saiu do mercado. Demitiu também as gerências de projetos. Você pode dizer que o governo está enxugando a máquina, porém, isso precisa ser feito no momento certo. Outro ponto é que o poder público não está pagando seus fornecedores. Com isso está havendo um estímulo para uma crise”, ressaltou.
SOLUÇÕES – Algumas medidas poderiam ser tomadas para tirar o Amapá da crise. Uma delas seria pagar fornecedores, buscar recuperar as emendas disponíveis para obras, uma vez que o Estado vive a eminência de perder R$ 200 milhões, e por último o governo estadual deveria acenar com uma política de emprego. “Já passou da hora do governo parar de ficar atribuindo ao governo passado as mazelas que nós temos. Realmente o governo foi entregue em uma situação muito difícil, mas não podemos ficar pensando só nisso. O atual governador quando se candidatou sabia de toda essa situação. Mas não devemos ficar esperando só do governo. É necessário que todos tomem iniciativa, caso contrário, a situação poderá ser ainda mais grave”, alertou.